CEV promove reunião aberta para discutir impactos das obras da Rumo

CEV promove reunião aberta para discutir impactos das obras da Rumo

Foto: Rodrigo Palassi

A Comissão Especial de Vereadores (CEV) que trata das obras que serão realizadas pela empresa ferroviária Rumo Malha Paulista S/A em Cubatão realizou hoje (16) uma reunião aberta, no plenário da Câmara, com os moradores do Jardim 31 de Março e do Conjunto Padre Manoel da Nóbrega para discutir os impactos sociais e econômicos da construção de dois grandes viadutos (Avenidas Joaquim Miguel Couto e Avenida Henry Borden/Jornalista Giusfredo Santini ). O encontro também reuniu representantes do do E.C. 31 de Março e do E.C Vera Cruz.

O encontro foi conduzido pelo vereador Tinho (Republicanos), presidente da CEV, e contou também com a presença dos parlamentares Rafael Tucla (Progressistas), Rodrigo Alemão (PSDB), Cleber do Cavaco (PL), Alessandro Oliveira (PL) e Guilherme do Salão (PROS). Tinho ressaltou que o objetivo da reunião foi levantar todas as dúvidas dos moradores nesse processo de desapropriações e indenizações que envolvem a construção dos viadutos por parte da Rumo. "Precisamos entender com clareza o que será feito".

Alessandro disse que os vereadores vão trabalhar para defender os interesses da população, independente da força da Rumo. O parlamentar afirmou que todo esses desgaste poderia ser evitado se a discussão sobre as obras dos viadutos fosse mais transparente. Rodrigo Alemão defendeu a transformação da CEV em Comissão de Inquérito a fim de que o grupo de trabalho tenha poder de polícia para convocar os gestores da empresa. O parlamentar classificou como “desumano” o que a concessionária e a administração estão fazendo com os moradores da área.

Rafael Tucla disse que é uma covardia excluir a Câmara e os moradores dos bairros das discussões sobre a construção dos viadutos. O parlamentar afirmou que a Rumo está demolindo as casas da faixa de domínio com o aval da Prefeitura. Ele também comentou que a reintegração de posse contraria uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no começo de dezembro do ano passado, prorrogou até 31 de março de 2022 as regras que suspendem os despejos e as desocupações durante a pandemia de Covid-19.

Vitor Lopes (foto) contou que sua casa foi demolida na última quinta (10), após a Rumo iniciar um processo de reintegração de posse do terreno onde ela ficava, na Rua Jaime João Olcese. Em tom de desabafo, ele comentou que o valor oferecido (R$ 6 mil) pela empresa não corresponde ao valor venal da casa. “A gente não consegue nem pagar o calção de uma nova". O jovem também disse que sua família só queria mais tempo para se estruturar, mas a Rumo não se mostrou disposta a negociar. Lopes ainda lamentou o fato de que a administração municipal nem tentou intervir nesse imbróglio jurídico. “A Prefeitura não fez nenhum contato".

Antônio Lima de Souza, o famoso “Seu Lima”, presidente do Vera Cruz, afirmou que as pessoas nem dormem direito depois da notícia sobre a construção dos viadutos. “Isso deixa todo mundo apavorado”. Ele reclamou da falta de comunicação e disse que a população quer ser ouvida pelo Poder Público. José Gonçalves, ex-vereador e representante do 31 de Março, afirmou que a comunidade local não dispõe de informações precisas sobre o que vai acontecer. O líder comunitário criticou a Prefeitura por estar cogitando a mudança da rodoviária do bairro para construir no lugar um pátio de carretas.

Nos próximos dias, a CEV agendará uma reunião com os gestores da Rumo e discutirá todos as questões levantadas pela comunidade atingida pelas obras da concessionária.