Comissão de Inquérito sobre a Ecovias aborda acidentes de trânsito e terceira pista da Imigrantes

Comissão de Inquérito sobre a Ecovias aborda acidentes de trânsito e terceira pista da Imigrantes

Autor: Danilo Bonifácio/CMC

Por Nicole Vasques

Presidida pelo vereador Marcinho (PSB), a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura a responsabilidade da concessionária Ecovias sobre os transtornos causados ao município se reuniu, ontem (22/10), na Câmara. A discussão girou em torno do excesso de acidentes nas rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), o projeto da terceira pista da Rodovia dos Imigrantes e a ausência de contrapartidas da concessionária à cidade. 

Estiveram presentes no encontro representantes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu); da Secretaria de Segurança Pública de Cubatão; da Companhia Municipal de Trânsito (CMT) e do projeto Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências a Nível Local (APELL) da cidade, bem como os vereadores Guilherme do Salão (PSB) e Batoré (Agir).

Marcinho explicou que, a princípio, não convocou a Ecovias porque o intuito é reunir informações sobre as demandas de cada órgão presente na reunião em relação à concessionária e, depois, cobrá-la. "Para a gente chegar em um denominador e poder apresentar à Ecovias aquilo que tem acontecido na nossa cidade devido aos trabalhos que ela realiza aqui na região", afirmou o presidente da CEI.

Sandro Ferreira, chefe de Enfermagem, e Gisela Vaz, chefe de Serviços do Samu, destacaram que as equipes têm enfrentado dificuldades diante do grande número de acidentes de trânsito ocorridos no SAI. Além de absorver a demanda das rodovias, que sobrecarrega o sistema de saúde cubatense, o Samu precisa lidar com o grande fluxo de veículos, que, muitas vezes, impede a passagem das ambulâncias e atrasa o atendimento às vítimas.

"Nós temos esse compromisso com a saúde, com a população. E eu não acho justo, muitas vezes, que a gente vá em uma ocorrência de 5 minutos [de duração] que passa a [ser de] 20 por causa de um trânsito, muitas vezes, mal direcionado, com a logística, às vezes, mal feita", afirmou Sandro. Gisela ressaltou que, mesmo diante do trabalho do Samu, a Ecovias não oferece contrapartidas ao município. "A gente não vê o retorno do nosso atendimento porque eles usam o nosso Pronto Socorro, a nossa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a nossa ambulância. Eles utilizam tudo isso e a gente não vê um retorno na cidade", disse ela.

Já o coordenador de operações da CMT, Edvaldo Cruz, levantou alguns pontos de atenção, entre eles os impactos aos moradores de bairros que ficam às margens das rodovias quando o sentido da pista é invertido e a necessidade de uma interligação facilitada na saída do Jardim Casqueiro e da Ilha Caraguatá para o acesso à cidade de Santos.

Outro assunto abordado no encontro foi a terceira via da Rodovia dos Imigrantes, projeto de infraestrutura que visa ampliar a capacidade do SAI. Os participantes demonstraram preocupação, sobretudo o Samu, diante da possibilidade de aumentar a demanda de acidentes envolvendo cargas de produtos químicos. “Hoje, um acidente de produto químico tem que ser atendido de maneira completamente diferente”, afirmou Gisela. “Nós estamos preparados? Eu acho que na realidade isso vai além de só Ecovias, vai muito mais além”, completou ela.

O vereador Marcinho também questionou Manuel Dubra, coordenador do APELL, sobre o papel desempenhado pela Ecovias em parceria com o projeto. Dubra afirmou que há em desenvolvimento um processo de treinamento a partir dos incêndios recentes que atingiram comunidades cubatenses. O APELL tem voluntários que estão sendo capacitados para controlar o trânsito e, assim, evitar congestionamentos, facilitando o trabalho dos socorristas diante de possíveis ocorrências.

Kleber Silveira, assessor da Secretaria de Segurança Pública de Cubatão, esclareceu que existem hoje mais de 80 pessoas atuando na Guarda Civil Municipal (GCM). Há também câmeras em lugares específicos das rodovias e está em andamento um processo de implementação de novos equipamentos, bem como um chamamento de cerca de 25 novos integrantes para a GCM.

Por fim, Marcinho entregou ofícios para cada um dos órgãos, de acordo com a área de atuação, com perguntas sobre o número de acidentes, o congestionamento nas rodovias e as ocorrências de assaltos em passarelas. Ele pediu que as respostas sejam enviadas o quanto antes para que a comissão possa avançar em seus trabalhos. Uma nova reunião da CEI está marcada para a próxima quinta-feira (30), às 14h30.