Comissão de Inquérito sobre a Ecovias aborda gargalos dos caminhoneiros no acesso a Cubatão

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura a responsabilidade da concessionária Ecovias sobre os problemas de trânsito no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), presidida pelo vereador Marcinho (PSB), reuniu-se ontem (03/12) com a diretoria da Associação dos Caminhoneiros de Cubatão (ACC) e do Centro de Integração e Desenvolvimento (CIDE) na Casa de Leis. Durante o encontro, os participantes apontaram gargalos enfrentados pelos caminhoneiros nas rodovias de acesso a Cubatão, como a ausência de áreas de escape e o congestionamento, que comprometem a fluidez do trânsito e a rotina dos munícipes. Os representantes das associações se declararam favoráveis à Terceira Pista da Imigrantes, mas opinaram que a prioridade deve ser a resolução de outros problemas já existentes.   

O objetivo da CEI é apurar a responsabilidade da Ecovias em relação, por exemplo, às enchentes e à obstrução de acesso e saída dos moradores do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), bem como os impactos socioambientais da construção da Terceira Via da Imigrantes e as contrapartidas ao município de Cubatão. Compareceram à reunião Edson Elias e Sérgio Silva, diretores da ACC, e Ricardo Silva, diretor-executivo do CIDE, associação que reúne empresas do Polo Industrial. Além de Marcinho, também estiveram presentes os vereadores Guilherme do Salão (PSB), Ronaldo da Comissão (PSD) e Batoré (Agir).   

Em seguida, Edson pontuou que os acidentes nas rodovias travam o trânsito em avenidas como a Plínio de Queiroz, na Zona Industrial. Ele avaliou que o crescimento do Porto de Santos, em 2026, poderá impactar ainda mais a cidade de Cubatão. “Eu acho que agora, antes de se falar em Terceira Pista, Quarta Pista ou Quinta Pista, tinha que fazer primeiro intervenções aqui embaixo”, disse Edson.  

Também diretor da ACC, Sérgio acrescentou que os caminhoneiros estão limitados à Rodovia Anchieta para fazer o trajeto entre a capital paulista e o Porto. Ele ainda criticou as dificuldades de mobilidade ocasionadas pelo trânsito nas rodovias que passam por Cubatão, pois a morosidade atrapalha o “ir e vir” da população. “O que nós temos aqui, de infraestrutura, para poder gerar mais uma rodovia?”, questionou. “Nós não temos sinalização, não temos fiscalização, não tem infraestrutura nenhuma na cidade para esses caminhões ‘desaguarem’ aqui”, defendeu ele.   

O vereador Guilherme do Salão lembrou que pessoas feridas em acidentes nas rodovias do SAI, no trecho de Cubatão, muitas vezes são socorridas para as unidades de saúde do município. Segundo o parlamentar, já que não há contrapartida da Ecovias, como investimentos na saúde para compensar os impactos à cidade, os equipamentos cubatenses ficam sobrecarregados. “A gente quer levar isso como sugestão [para a Ecovias], também. Nós não somos executores, somos legisladores, mas a comissão está aqui para isso”, disse o parlamentar do PSB. Ronaldo da Comissão, por sua vez, avaliou que os moradores que vivem às margens das rodovias são expostos a riscos devido à ausência de áreas de escape.   

Ricardo Silva, do CIDE, também acrescentou que os congestionamentos geram impactos para o setor industrial, pois os trabalhadores se atrasam e isso atrapalha a fluidez dos turnos de serviço. Além disso, há reflexos nas cargas, sejam elas matérias-primas ou produtos já acabados. Para ele, é preciso defender a criação da terceira pista, mas também discutir os impactos dessa transformação considerando as novas características do uso e ocupação do solo, que mudaram em função da ascensão do setor logístico.    

O presidente da comissão entregou ofícios com questionamentos, referentes à apuração da CEI, para os participantes oficializarem suas observações posteriormente. Ao final da reunião, Marcinho anunciou que haverá uma audiência pública, em data a ser divulgada, para ouvir a Ecovias. Na ocasião, todas as informações coletadas durante a CEI e sugestões de melhoria serão apresentadas à concessionária.