CEI da Cava escuta ambientalistas e representantes de entidades sociais

CEI da Cava escuta ambientalistas e representantes de entidades sociais

Foto: Rodrigo Palassi

A Comissão Especial de Inquérito (CEI), que investiga supostas irregularidades no processo de construção de cavas subaquáticas no Canal de Piaçaguera em Cubatão, realizou hoje (05/03) pela manhã sua primeira reunião. O encontro ocorreu no plenário da Câmara e reuniu ambientalistas e representantes de entidades sociais. O vereador Ricardo Queixão (PDT), presidente da CEI, fez a mediação dos trabalhos.

O ambientalista Aluísio Gomes, membro Conselho Municipal do Meio Ambiente de Cubatão, disse que a implantação de cavas subaquáticas ocorreu num período em que empresários e gestores não tinham nenhuma consciência ambiental. Ele acredita que os sedimentos altamente contaminados com resíduos tóxicos que estão debaixo da água não podem ser simplesmente retirados. Numa analogia entre cava e cova, Gomes afirmou: "Não se desenterra morto".

Gomes criticou a leniência da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) no que se refere ao seu papel fiscalizador. Ele ainda questionou a falta de estrutura da secretaria municipal de Meio Ambiente que, segundo ele, não consegue atender as demandas do município no setor. O ambientalista encerrou sua fala sugerindo o estabelecimento de um termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que as empresas responsáveis pelas cavas sejam obrigadas a instalar uma ala de queimados no Hospital Municipal de Cubatão, além da construção de unidades de ensino.

Já Marli Vicente da Silva, presidente do Instituto Socioambiental e Cultural da Vila dos Pescadores, acredita que existem mecanismos para despoluir a área contamiandas pelas cavas subaquáticas. "O mangue hoje pede socorro", clamou a líder comunitária. Ela recordou o incêndio na Ultracargo em 2015 que provocou a morte de toneladas de peixes. Segundo Marli, a empresa apenas ofereceu um curso de qualificação profissional para os pescadores prejudicados pelo incidente, enquanto para a cidade de Santos a indenização é por volta de R$ 40 milhões.

Participaram da reunião o presidente da Câmara, Rodrigo Alemão (PSDB), e os vereadores Wilson Pio (PSDB), Lala (SD), Marcinho (PSB), Cléber do Cavaco (PRB) e Toninho Vieira (PSDB). Estiveram presentes também o representante do Instituto Maramar, Fabricio Gandini e o advogado Alex Santos Gomes da Silva, além de representantes da sociedade civil organizada.

A Cetesb, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e a Usiminas foram convidadas a participar da reunião aberta, mas não enviaram representantes. Nos próximos dias, a CEI divulgará a data do próximo encontro.